I - Um dia mais na minha vida. Hoje decidi deixar de ter medo de falhar e voltar a tentar recuperar aquilo que é nosso, o comum direito dos mortais de viver. Bem ou mal, isso agora é relativo! Sempre com medo do que possam dizer, de estar bem ou mal! Deixei durante muito tempo de falar sobre mim, abandonei essa obrigação de contar as minhas histórias e as de outras pessoas, e tenho a certeza de que gostariam que contasse as suas histórias. Sei onde estou, ou penso conhecer o espaço que me rodeia e possivelmente até onde vou! O mundo, eu, as pessoas, os erros, os êxitos, quem vai, quem chega. Diz-se que o tempo passa... Queria falar sobre isso, sobre essas teorias que brotam no meu pensamento, nessas grandes mensagens que quero transmitir ao mundo, desse lugar de onde venho... Nunca estive mais consciente dos mitos, das ideias pré-concebidas que me fizeram pensar durante muito tempo que o mundo era infinito, que as pessoas eram infinitas. À medida que crescia, as pessoas iam desaparecendo, mas o que significa desaparecer? As mensagens foram sendo cada vez mais e a dor cada vez mais forte. Sim, afinal somos mortais e as coisas acabam. As mensagens que passam e afinal não temos de ser tão explícitos assim; afinal, estou aqui deitado na minha cama, protegido pelas paredes do meu quarto, com mosquitos a picar-me. As coisas devem ser ditas tal como são, sem qualquer tipo de receio. Chegámos à firme conclusão de que afinal não passamos de pessoas, nem boas nem más - em sentidos absolutos - apenas pessoas. Será que se poderia fazer mais? Será que eu poderia dizer mais? Afinal, que somos neste caos organizado? Nunca saberemos a resposta... Quando se procura um género literário, um esquema, histórias, coisas para dizer sobre o que sempre estive a falar, a questão dos odores, dos critérios de classificação, do medo de esquecer, de não saber dizer. As histórias foram sendo produzidas oralmente sempre com diferenças, mas com o mesmo intuito, divulgar esse ser que habita no fundo. Que expressa essas mensagens profundas, delineadas pela experiência, desse menino que foi crescendo e conhecendo, passando do infinito ao finito... O menino que tomava o chá das cinco, que comia pintarolas fazendo de conta que eram comprimidos para dormir, “Como pobre menina rica!” - A varanda sempre me causou várias sensações, de descoberta, de tempo, de brincadeira, de maldade, de diversão, de prazer, da água, do baloiço, da esplanada improvisada no verão... A piscina pequenina improvisada no tanque onde tratávamos da nossa roupa. As frieiras de inverno, a chuva, as baixas temperaturas e o cuidado de fazer bem as coisas, de ter a roupa lavada para os homens. Nunca se pensa nessas coisas, sim, lia muito para escapar ao tédio da província, sim, procurava escapar da ignorância. A ignorância que poderia ser um “doce” sonífero para esta realidade, sem mitos, com opiniões relativas, onde generalizamos sem regras e a culpa se faz sentir. A crítica é demasiado cruel para quem passa gordo, magro, gay, feio, bonito, com cheiro forte a colónia muito barata. A falta de vergonha de mostrar uma barriga numa camisola apertada. Qual é a mensagem disto que não se entende? Será que ficaria a tremer por conhecer um jogador de futebol conhecido, que fala pouco bem mas que joga muito e dá emoção às pessoas e acham que é interessante, inteligente o objetivo é entreter. As pessoas gritam, saltam, ferem, e depois ficam emocionadas, a tristeza da derrota, o sabor da vitória
de onze ou doze e ficam até ao final ou são substituídos e correm e outros aplaudem e voltam a gritar. Queria contar essa história com o género literário que já foi inventado, o conhecimento é bom, a globalização ensina, partilha e destrói, reúne, faz saber. Não fica nada nesse sentido que se possa dizer, para que falar claramente, as verdades podem parecer absolutas quando na realidade não o são. Hoje sentia-me bem, a receber amor, esse gesto de carinho esse toque inusitado, esse som da música, os ruídos do cão. A morte, o silêncio, a alegria e a tristeza, o cheiro forte, o sabor familiar, a saudade. O telefone com muitos gadgets, auxiliares de memória, mensageiros de notícias e que difundem, difundem. Nada está claro! Ontem a raiva e o silêncio do pensamento da vingança, o fazer esse crescer sem olhar a meios, os interesses sem saber quais são os interesses. Recentemente se foi Saramago e Feio, a mensagem ou apontamento virtual feito num difusor de vídeos de internet, a vida e viver! Se continuará pequenino, como quando era menino, não houvera lido nem visto nada deles, a partida deles não representaria nada, mas o conhecimento, hábito de procurar informação, de rir com entretenimento de piadas, de conversas da treta fizeram que eu sentisse e que tenha posto a pensar no finito, finito, finito... Quando se acaba. Essa capacidade de pensar com nível, será que alguém pode meditar sobre isso, essa raiva! Aqui não existe a identificação clara do que é passado e presente, possivelmente se poderá identificar pelo tempo verbal o futuro que é incerto por isso não vale muito a pena estar a falar sobre ele, as previsões podem ser equivocadas diferentes e se as coisas passam terão de passar de forma espontânea e natural. Deixei de fazer muitas coisas, andei a viajar e passei simplesmente a falar da cultura do que era (não significa que seja precisamente passado!) - Pode significar que essa ponte do tempo ainda não tem a distância definida. Não podemos pensar que sim, agora estou aqui e amanhã. Sim, de loucos, todos com a teoria à procura de definição e das leituras implícitas que podem ter uma mensagem. A experiência de vida, o imaginário familiar, a devoção pelo amor familiar, paterno, materno, o destino, afinal estou bastante confuso. Onde será que está todo esse carinho e afeto e aprendizagem e tu que fazes? Não sei sinceramente qual é a dimensão, quais são as medidas disso que estás a pensar de uma forma louca. Não estou a pensar mas sim a escrever, para pensar tenho de deixar de escrever... Fiquei com a ideia de que poderia escrever um diário com datas, mas para que faço isso. Ninguém é tão importante, tão Deus, a quem pedimos que nos ajude. Já passou já estou mais calmo esse sonho que escrevi sobre frustrações, nunca pude vencer verdadeiramente porque não me consigo entender. Assim como o meu cão também não me sabe entender. O primeiro ou o segundo capítulo, não fiz estrutura sobre isso, é impulso, é motivo de que tenha já sono e queira dormir. Hoje vi um tigre asiático, enorme e não lhe pude tirar uma foto com a sua cara, apenas e repetidamente andava de um lado para o outro, sem nunca encarar quem o estava a observar, observava uma multidão a tirar fotos também a melhor foto, e que tem isto de transcendente. Sempre quero gabar-me para sentir-me um pouco melhor. Mas absorvi tanta informação que deixei de poder falar sobre tudo. A cultura é boa ou má, até parece que me droguei ou que tomei anis e que foi esse álcool que me fez estar mais criativo. Mas não bebi nem fumei nada de drogas. Apenas tenho sono e alguma frustração porque afinal até quero escrever. Tenho medo do que é inevitável! Nunca pude deixar de pensar em Portugal.
Comentários